
Eu tenho um troféu de Campeão Gaúcho de Enduro de Moto. Ele representa disciplina, foco e a busca pela excelência. Por anos, usei essa busca como um escudo, uma identidade: eu era “o cara que faz bem feito”. O que eu demorei a admitir, até para mim mesmo, é que essa mesma mentalidade que me ajudou a ser campeão, foi a que mais me paralisou na vida.
O perfeccionismo me congelou: me fez adiar projetos, perder dinheiro e deixar oportunidades incríveis passarem, tudo pelo pavor de não entregar algo… perfeito.
Se você se identifica com essa paralisia, aqui vai a grande reviravolta da nossa conversa: o que chamamos orgulhosamente de “perfeccionismo” é, na verdade, a máscara mais elegante que existe para um sentimento muito mais primitivo e profundo: um pavor infantil de errar.
E esse pavor não nasceu na sua vida adulta, na sua carreira, no seu relacionamento. Ele é um eco do passado.
Faça uma viagem rápida comigo. Lembre-se daquele “X” vermelho na sua prova da escola. Recorde aquele olhar de desaprovação porque você quebrou alguma coisa sem querer. Ou, talvez, a comparação constante com outra pessoa que parecia fazer tudo melhor que você.
Naquele momento, a sua mente de criança, em sua infinita sabedoria para garantir a própria sobrevivência emocional, criou uma regra para te proteger: “errar é perigoso. Significa que eu não sou bom o suficiente e posso ser rejeitado… então, para garantir, é melhor nem tentar”.
Esse programa mental, essa impressão emocional, continua rodando no seu sistema até hoje, de forma silenciosa e automática. O seu chefe não é o seu professor, seu cliente definitivamente não é seu pai ou sua mãe, mas a sensação de pânico que um possível erro dispara no seu corpo é exatamente a mesma daquela criança. É a sua parte mais protetora tentando te “salvar” de uma dor que não existe mais.
É por isso que a solução nunca será se esforçar mais, lutar para ser mais corajoso ou simplesmente “parar com isso”. A verdadeira e duradoura transformação acontece quando você faz as pazes com essa parte sua.
Trata-se de acolher essa criança interior e, com toda a maturidade e os recursos que você tem hoje, mostrar pra ela que as regras do jogo mudaram. Que hoje, um erro não define o seu valor. É apenas um dado. Uma peça de informação valiosa para ajustar a rota.
Essa conversa interna me libertou para adotar uma nova regra. Sabe aquele ditado que, como perfeccionista, eu odiava? “Antes feito do que perfeito”. Para mim, isso sempre soou como um convite para a mediocridade. Então, eu criei a minha própria versão, uma filosofia que me guia até hoje:
“Antes feito do que perfeito, mas nunca de qualquer jeito.”
É sobre se permitir caminhar, aprender e evoluir no processo, sempre entregando o seu melhor possível, mas sem a algema paralisante da perfeição. É a diferença entre a excelência que te impulsiona e o perfeccionismo que te aprisiona.
E você? Está pronto para começar a se libertar? 🙏💚