
Imagina um período de profundas transformações, com o chão tremendo sob os pés da sociedade. Revoluções, guerras e uma onda de incertezas sobre o futuro geram uma angústia coletiva, uma sensação de que tudo está perigosamente acelerado. Nesse cenário, as pessoas se veem buscando satisfação de forma quase desesperada, movidas por impulsos internos que elas mesmas não conseguem nomear ou compreender.
Parece uma crônica dos dias atuais, não é mesmo? 🤔
Poderia ser a descrição da nossa era de ansiedade e excesso de informação. Mas, na verdade, esse retrato foi pintado no início do século 19.
Quem o descreveu com uma precisão assustadora foi o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Longe do otimismo de seus contemporâneos, ele fez uma aposta radical: não somos seres primariamente racionais. Para ele, o que nos move não são nossos planos e pensamentos lógicos, mas uma força muito mais antiga e poderosa, um motor interno, cego e insaciável que ele batizou de “Vontade”.
Segundo Schopenhauer, nossos desejos conscientes – a carreira que queremos, o relacionamento que buscamos – são apenas a ponta visível do iceberg. Por baixo da superfície, a imensa massa de gelo da “Vontade” nos impulsiona de forma irracional, nos jogando de um desejo para o outro, num ciclo que nunca nos satisfaz por completo.
E é aqui que a história da psicologia ganha um capítulo secreto que poucos conhecem. 😱
Décadas depois, um jovem médico em Viena, fascinado pelos mistérios da mente, pegou esse “mapa” filosófico criado por Schopenhauer, o aprofundou com suas próprias observações clínicas e o rebatizou com o nome que mudaria o mundo para sempre: a Mente Inconsciente. Sim, Sigmund Freud não tirou sua ideia mais revolucionária do vácuo; ele a herdou de um filósofo.
Mas o que é o Inconsciente, na prática?
Pense no inconsciente como o sistema operacional silencioso da sua mente, o seu “piloto automático”. É um arquivo imenso onde estão guardadas memórias que você nem lembra que tem, aprendizados emocionais da sua infância e instintos primitivos. Ele é o responsável por disparar emoções e comportamentos sem pedir a permissão da sua mente consciente.
Sabe quando você reage com uma raiva desproporcional a uma crítica e, depois, não entende o porquê? Ou quando tem um medo inexplicável de algo que, racionalmente, não faz sentido? Muitas vezes, a raiz dessas reações está no seu inconsciente, que associou uma situação presente a uma experiência antiga, sem que você sequer percebesse.
Frente a isso, a grande questão que fica é: se temos esse poderoso piloto automático, estamos condenados a ser meros passageiros em nossas próprias vidas?
A resposta é um retumbante NÃO. O primeiro e mais corajoso passo é justamente reconhecer que essa força existe. Negá-la é dar a ela todo o poder. Em vez de lutar ou tentar reprimir esses impulsos, o caminho da transformação é outro.
E a chave para essa mudança não é o controle, mas a colaboração. Quando aprendemos a ouvir os sinais, a acolher as emoções (mesmo as mais desconfortáveis) e a nos aliar a essa parte poderosa da nossa mente, algo mágico acontece: deixamos de ser passageiros reagindo ao trajeto, para finalmente assumir a direção da nossa própria jornada. 😉
Entender de onde vêm as ideias que formaram nosso mundo é o primeiro passo para entendermos a nós mesmos.
E você, já sentiu seu “piloto automático” no comando?